quarta-feira, 20 de maio de 2020

Volume I

Publicado em 2012, São Luís do Maranhão, Corpo e Alma é uma obra singular. Escrita por uma historiadora que havia surpreendido na década anterior com livros incisivos acerca da construção do mito da fundação francesa de São Luís, apresenta vasto painel sobre a formação e as transformações vividas pela cidade e seus habitantes no curso de quase quatro séculos. Empreitada ambiciosa, encarada com simplicidade desconcertante, atenta a pequenos detalhes, fios soltos, cruzamento de histórias, percebidas não através de nomes ilustres e fatos consagrados. O livro apresenta uma tessitura de locais em lenta transformação e figuras simples em seu fazer cotidiano, indicando a evolução urbana, os costumes, as crenças, ofícios, artes e diversões que constituem a identidade e a memória da cidade. Pesquisa ampla, mas, sobretudo, uma história narrada com leveza e sensibilidade por quem tem longa vivência de São Luís e consegue pintar em traços largos seus encantos, histórias e problemas. Professora universitária por muitos anos, Maria de Lourdes Lauande Lacroix criou um texto vivo, sem preocupações acadêmicas, onde a arte da narrativa se conjuga à riqueza da iconografia utilizada para configurar uma história urbana ímpar, mobilizando várias fontes associadas às memórias, sem a exaltação tão comum aos intelectuais nativos, zelosos da tradição ateniense, mas carregada de afetividade. É quase um romance da antiga São Luís.

A esperada 2ª edição surge ampliada, com novos tópicos e imagens. Dividida em dois volumes, esta primeira parte abrange os séculos XVII, XVIII e XIX. Do traçado inicial ortogonal, definido em 1616 pelo engenheiro-mor Francisco Frias de Mesquita, passando pela expansão dos tempos áureos do algodão, do estabelecimento da Praia Grande como centro das atividades econômicas e a expansão para o interior da ilha, seguindo a trilha do Caminho Grande, a São Luís oitocentista aparece em vários aspectos, através das ruas e becos, igrejas, praças, serviços urbanos, festas religiosas e profanas, atividades artísticas e recreativas, até a constituição do parque fabril, na virada do século XX, quando alterações importantes ocorreriam, mas sem modificar ainda a feição geral da cidade.

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SÃO LUÍS do MARANHÃO, CORPO e ALMA - v. 1

Volume II

O volume II de São Luís do Maranhão, Corpo e Alma é dedicado ao século XX. A característica informal da narrativa, destacada no tomo anterior, adquire maior intensidade e alcança pleno desenvolvimento. História tecida como painel de quadros vivos, no entrelaçamento frutífero entre pesquisa, memórias e imagens da cidade. Uma estrutura simples e eficaz para delinear as transformações ocorridas, não apenas na configuração do espaço urbano, mas, sobretudo, de traços sociais, do movimento cotidiano das ruas, lembranças de costumes, de tipos populares. Encontro com nossos grandes comerciantes, farmacêuticos, professores, artistas, mas também pregoeiros, motoristas, donos de bares e mercearias, descrições de lojas, barbearias, salões de beleza, lembranças de personagens das ruas e muito mais, cenas do carnaval, as festas juninas, o teatro, programas de rádio e o início da televisão, num fluxo admirável de informações e reunião de reminiscências.
O início do século foi marcado pela reforma do Largo do Quartel, a construção da Avenida Silva Maia, a nova feição da Avenida Maranhense, a reforma das praças Gonçalves Dias e Odorico Mendes e os bairros formados nas redondezas das fábricas recém instaladas. Alterações significativas ocorreriam na passagem para a década de 1940, quando se efetivaram algumas linhas do plano de remodelação da cidade. Tempos em que havia pressão do governo estadual sobretaxando casarões antigos e estimulando a demolição e a remodelação de prédios e casas no centro. A Praia Grande e o Desterro aprofundaram seu declínio diante da Praça João Lisboa, Rua Grande e adjacências, como espaços mais elitizados, onde se concentravam as lojas, os cinemas, as melhores mercearias, consultórios e farmácias. Nos anos seguintes, inaugurou-se o primeiro viaduto, construído sobre a antiga escadaria do Palácio dos Leões, a Biblioteca Pública da praça do Phanteon, o Hospital Dutra, o estádio Nhozinho Santos e os edifícios do Banco do Estado do Maranhão e do INSS, depois João Goulart, em pleno coração da cidade. Eram tímidos passos rumo à miragem da modernização.
A partir do final da década de 1960, novas transformações acarretadas pela construção das pontes sobre o rio Anil e a barragem do Bacanga, propiciando ocupação de outras áreas e maior circulação. Surgiu o primeiro edifício residencial de apartamentos, o bairro do Olho d’Água afirmava-se como local de veraneio e depois de moradia dos setores proeminentes das classes médias, em seguida, a expansão para o São Francisco-Calhau e a construção dos primeiros conjuntos habitacionais em áreas afastadas, redefiniam o espaço e o movimento da cidade. Era a antiga São Luís em sua lenta mutação, ainda guardando a feição mais recôndita, antes da explosão desordenada que ocorreria nas décadas seguintes e marcam seu epitáfio. Como assinala no posfácio o professor Flávio Soares, um dos diletos ex-alunos da autora, estamos diante de um livro para ser ao mesmo tempo lido, visto e sentido.

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