Publicado em 2012, São Luís do Maranhão, Corpo e Alma é uma obra singular. Escrita por uma historiadora que havia surpreendido na década anterior com livros incisivos acerca da construção do mito da fundação francesa de São Luís, apresenta vasto painel sobre a formação e as transformações vividas pela cidade e seus habitantes no curso de quase quatro séculos. Empreitada ambiciosa, encarada com simplicidade desconcertante, atenta a pequenos detalhes, fios soltos, cruzamento de histórias, percebidas não através de nomes ilustres e fatos consagrados. O livro apresenta uma tessitura de locais em lenta transformação e figuras simples em seu fazer cotidiano, indicando a evolução urbana, os costumes, as crenças, ofícios, artes e diversões que constituem a identidade e a memória da cidade. Pesquisa ampla, mas, sobretudo, uma história narrada com leveza e sensibilidade por quem tem longa vivência de São Luís e consegue pintar em traços largos seus encantos, histórias e problemas. Professora universitária por muitos anos, Maria de Lourdes Lauande Lacroix criou um texto vivo, sem preocupações acadêmicas, onde a arte da narrativa se conjuga à riqueza da iconografia utilizada para configurar uma história urbana ímpar, mobilizando várias fontes associadas às memórias, sem a exaltação tão comum aos intelectuais nativos, zelosos da tradição ateniense, mas carregada de afetividade. É quase um romance da antiga São Luís.
A esperada 2ª edição surge ampliada, com novos tópicos e imagens. Dividida em dois volumes, esta primeira parte abrange os séculos XVII, XVIII e XIX. Do traçado inicial ortogonal, definido em 1616 pelo engenheiro-mor Francisco Frias de Mesquita, passando pela expansão dos tempos áureos do algodão, do estabelecimento da Praia Grande como centro das atividades econômicas e a expansão para o interior da ilha, seguindo a trilha do Caminho Grande, a São Luís oitocentista aparece em vários aspectos, através das ruas e becos, igrejas, praças, serviços urbanos, festas religiosas e profanas, atividades artísticas e recreativas, até a constituição do parque fabril, na virada do século XX, quando alterações importantes ocorreriam, mas sem modificar ainda a feição geral da cidade.
SÃO LUÍS do MARANHÃO, CORPO e ALMA - v. 1